ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA NA MELHORA DA QUALIDADE DE VIDA: BENEFÍCIOS DA HIDROCINESIOTERAPIA NO MÉTODO WATSU, EM PACIENTES COM FIBROMIALGIA

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Juliana da Silva Couto1;
Jeronice Souza Rodrigues2

1 Acadêmica Finalista do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário de Manaus – FAMETRO. 2 Fisioterapeuta Especialista; Docente do Centro Universitário de Manaus – FAMETRO.


RESUMO

Fibromialgia (FM), caracteriza-se por uma síndrome dolorosa não inflamatória, que migra em 18 pontos do corpo e se manifesta nos tendões e nas articulações. Entre os sintomas, estão: fadiga, distúrbios do sono, depressão, ansiedade e disfunção cognitiva. A Hidroterapia no método de Watsu é realizado em uma piscina de água morna, com temperatura de 35º C aproximadamente, através de técnicas específicas, em que é realizado movimentos, toques e alongamentos, desbloqueando-se pontos de tensões físicas e mentais. A fisioterapia aquática, é de suma importância, pois ajuda na diminuição da dor em pacientes com FM, a imersão da água vai relaxar a musculatura, permitindo assim, que exercícios que eram realizados com dor no solo, possam ser realizados na piscina com mais facilidade. Objetivo: O presente estudo teve como objetivo geral compreender os benefícios da Hidrocinesioterapia no método Watsu, em pacientes com FM. Metodologia: Trata-se de uma revisão de literatura com método hipotético-dedutivo e objetivo descritivo – explicativo, nas bases de dados, SCIELO, LILACS, PUBMED e MEDLINE, relativo aos anos de 2010 a 2020, utilizando os descritores: Fibromialgia; Dor crônica; Benefícios da Hidrocinesioterapia. Resultados: Foram selecionados 6 artigos, que abordaram o tema e evidenciaram o benefício da Hidrocinesioterapia no método Watsu no tratamento de pacientes com FM. Conclusão: A Hidrocinesioterapia no método Watsu, se mostrou eficaz na atenuação dos sintomas e acometimentos da patologia, reduzindo assim, as dores musculares, a melhora do sono, promovendo um relaxamento muscular, aliviando a ansiedade e os sintomas depressivos.

Palavras-chave: Dor crônica, Reumatologia, Dor Muscular, Tratamento Fisioterapêutico.

ABSTRACT

Fibromyalgia (FM), is characterized by a non-inflammatory painful syndrome, which migrates in 18 points of the body and manifests itself in the tendons and joints. Symptoms include fatigue, sleep disorders, depression, anxiety and cognitive impairment. Hydrotherapy in the Watsu method is carried out in a pool of warm water, with a temperature of approximately 35º C, through specific techniques, in which movements, touches and stretches are performed, unblocking points of physical and mental tension. Aquatic physiotherapy is of paramount importance, as it helps in reducing pain in patients with FM, the immersion of water will relax the muscles, thus allowing exercises that were performed with pain in the ground, to be performed in the pool more easily. Objective: The present study had the general objective of understanding the benefits of Hydrocinesotherapy in the Watsu method, in patients with FM. Methodology: It is a literature review with hypothetical-deductive method and descriptive objective – explanatory, in the databases, SCIELO, LILACS, PUBMED and MEDLINE, for the years 2010 to 2020, using the descriptors: Fibromyalgia; Chronic pain; Benefits of Hydrokinesiotherapy. Results: Eight articles were selected, which addressed the theme and showed the benefit of hydrokinesiotherapy in the Watsu method in the treatment of patients with FM. Conclusion: Hydrocinesotherapy in the Watsu method, proved to be effective in attenuating the symptoms and impairments of the pathology, thus reducing muscle pain, improving sleep, promoting muscle relaxation, relieving anxiety and depressive symptoms.

Keywords: Chronic pain, Rheumatology, Muscle Pain, Physiotherapeutic Treatment.

INTRODUÇÃO

A Fibromialgia (FM) é uma síndrome reumática de etiologia desconhecida, que atinge principalmente as mulheres e é caracterizada por dor musculoesquelética difusa e crônica, além de possuir 18 sítios anatômicos dolorosos à palpação, chamados de tender points. HEYMANN et al, (2010).

De acordo com Perea (2013), a FM é uma síndrome clínica que se desponta ocasionando dores no corpo inteiro, sendo assim difícil de definir se a dor é muscular ou nas articulações. A FM tem como característica principal a dor musculoesquelética difusa e crônica, os indivíduos ainda se queixam de desconforto: como a fadiga, distúrbios do sono, rigidez matinal, parestesias de extremidades, sensação subjetiva de edema e distúrbios cognitivos. Geralmente está associada a outras comorbidades, que elevam o sofrimento e reduz a qualidade de vida. Dentre as comorbidades associadas a síndrome reumática estão: a depressão, a ansiedade, a síndrome da fadiga crônica, a síndrome miofascial, a síndrome do cólon irritável e a síndrome uretral inespecífica.

Segundo Helfenstein Jr. et al.,(2012), a Fibromialgia pode acometer qualquer idade, tendo um índice maior em mulheres, com faixa etária de 35 a 60 anos. Segundo estudo publicado pelo Colégio Americano de Reumatologia a prevalência da Fibromialgia foi de 3,4% para as mulheres e 0,5% para os homens, com uma média estimada em 2% para ambos os sexos.

Na fisiopatologia, existe a teoria de sensibilização central em que se destaca a desregulação central das vias da dor. Alguns estudos sustentam essa teoria por evidenciarem as áreas matriciais da dor, tais como o córtex sensitivo motor, temporal, parietal e pré-frontal. Há ainda a probabilidade de 8,5 vezes de o indivíduo apresentar a síndrome reumática quando existe histórico de parentes de primeiro grau da doença. FERREIRA (2015).

Segundo Fernandes (2013), a fisiopatologia da FM reside sobre os mesmos alicerces tão incertos e multicausais quanto a sua etiologia. Contudo, a importância de fatores sociais, emocionais, familiares, podem ser fatores de riscos para resposta aos estímulos dolorosos e do baixo nível de condicionamento cardiovascular e de desempenho muscular, sendo essas as mais evidenciadas hipóteses.

De acordo com José (2011), o início dos sintomas é insidioso e a dor pode ser relatada como queimação, peso, contusão ou exaustão da região afetada. A dor, que costuma ser ampla e difusa, frequentemente se inicia na nuca, no pescoço e nos ombros.

O diagnóstico da síndrome reumática FM é feito clinicamente (por meio da história dos sintomas e do exame físico) não existem testes laboratoriais que possam atingir o diagnóstico, mas o médico pode promover exames de sangue para que outras doenças com os mesmos sintomas e características parecidas, sejam descartadas entre os possíveis diagnósticos. ARICE (2014).

Segundo Heymann et al,(2010), a etiologia da síndrome reumática ainda não está totalmente esclarecida, seu diagnóstico é bem subjetivo, entretanto o tratamento acha-se em constante evolução. A prevalência varia entre 2 a 8% nos países desenvolvidos, não há ainda tratamentos efetivos que combatam a doença, mas os existentes como os (medicamentosos, os exercícios físicos, a fisioterapia entre outros) reduzem os sintomas e fornecem mais qualidade de vida aos pacientes com Fibromialgia.

Conforme Caldas (2010), uma das melhores maneiras de se começar um tratamento é com uma detalhada avaliação e pode ser realizada de 2 a 4 vezes por semana e o tratamento deve ser direcionado para o alívio dos sintomas que o indivíduo apresenta, o tratamento de fisioterapia pode ser feito com: exercícios de alongamento que melhoram a mobilidade e flexibilidade muscular; hidroterapia; massagem corporal para relaxar a musculatura e combater a fadiga; aplicação de equipamentos de eletroterapia (TENS ou biofeedback) reduzindo assim os pontos dolorosos e melhorando a circulação no local.

A fisioterapia é muito importante no tratamento da síndrome reumática, porque ela ajuda a controlar sintomas como a dor, o cansaço e os distúrbios do sono, promovendo o relaxamento e o aumento da flexibilidade muscular. As atividades físicas são consideradas benéficas no tratamento da FM, no entanto, ainda não se sabe quais exercícios aliviam os sintomas primários dessa síndrome, no caso a dor, de forma geral. BRESSAN et. al (2010).

De acordo com Silva et. al (2012), uma das modalidades que vêm sendo utilizadas com maior frequência no tratamento da Fibromialgia na Fisioterapia é a Hidrocinesioterapia, que tem como função promover reações diferentes daquelas experimentadas em solo, melhorando assim a circulação periférica, beneficiando o retorno venoso, além de proporcionar um efeito massageador e relaxante. Dessa forma, os exercícios na água são muito bem tolerados, pois o ambiente morno, ajuda a reduzir as dores e os espasmos musculares. Silva et.al (2012) ainda ressalva que um efeito primário da Hidrocinesioterapia, seria melhorar a saúde e o bem-estar e, secundariamente, a Hidrocinesioterapia está sendo usada com intuito de combater a dor em todo o corpo, além de oferecer benefícios psicológicos, melhorando a autoestima e reduzindo a depressão, tendo assim uma melhora da qualidade de vida, dos pacientes.

Conforme Ronan (2011), o objetivo principal da Hidrocinesioterapia no tratamento da Fibromialgia é aumentar a tolerância do indivíduo ao exercício e o nível de resistência física, melhorando assim o condicionamento geral. À medida que o condicionamento melhora a intensidade dos sintomas.

A técnica de Watsu, pode ser utilizada em pacientes com Fibromialgia, de forma complementar, com ajuda de um fisioterapeuta. Os movimentos são lentos e rítmicos, proporcionando ao paciente alongamento e o relaxamento, diminuindo assim a dor durante a realização dos exercícios (BATISTA et al, 2011).

O Watsu como recurso fisioterapêutico favorece o alongamento muscular, auxilia também no quadro álgico e no trabalho de uma melhor postura. Os efeitos psicológicos, mecânicos e fisiológicos associados a temperatura da água de aproximadamente 35º, trás vários benefícios ao paciente como por exemplo: redução dos níveis de estresse, respiração mais suave e melhora da amplitude de movimento. (BASTOS; CAETANO, 2010).

METODOLOGIA

A pesquisa tratou-se de uma revisão de literatura com método hipotéticodedutivo e objetivo descritivo – explicativo. Foi utilizado como critérios de inclusão: artigos em português e inglês; artigos e revistas que abordassem sobre o tema Fibromialgia e sobre os benefícios da Hidrocinesioterapia no método Watsu, no tratamento de pacientes com Fibromialgia; artigos publicados entre os anos de 2010 a 2020, nas principais bases de dados científicos e como critérios de exclusão foram: artigos, livros e revistas que não abordassem sobre o tema Fibromialgia; artigos não originais; artigos que citaram outros tipos de tratamentos, há não ser tratamentos fisioterapêuticos; artigos que foram publicados em anos anteriores a 2010.

Foram utilizados na pesquisa os seguintes descritores: Fibromialgia; Dor crônica; Benefícios da Hidrocinesioterapia. A coleta de dados, foram feitas através das bases de dados científicos tais como: Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), Scientific Eletronic Library Online (Scielo), Pubmed e Sistema Online de busca e análise de Literatura Médica (Medline), consecutivo a isso, foi realizada a leitura atenta dos materiais, permitindo captar as informações que respondessem ao objetivo do estudo. O período de busca deu-se nos meses de Agosto a Novembro de 2019, foram encontrados no total de 30 artigos, logo foram excluídos 13 artigos, pois não abordava sobre os tratamentos fisioterapêuticos na Fibromialgia, não eram artigos publicados no período de 10 anos e não eram artigos originais, logo foram incluídos 17 artigos que abordassem o tema proposto de revisão de literatura.

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Figura 1 – Fluxograma de identificação e seleção dos artigos para revisão Bibliográfica. Fonte: Autora, 2020.

RESULTADOS

A caracterização da amostra foi realizada segundo o autor, o ano, o nº de pacientes, a técnica utilizada, a duração da técnica e a efetividade da técnica, descritos na tabela 1 e 2.

Foram selecionados 6 artigos, que abordaram o tema e evidenciaram o benefício da Hidrocinesioterapia no método Watsu no tratamento de pacientes com Fibromialgia.

Tabela 1 – Resultados dos protocolos utilizados em pacientes com Fibromialgia.

Estudos experimentais/ DadosPINKALSKY et. al. 2011HECKER et. al. 2011SILVA et. al. 2012LETIERI et. al. 2013
Nº de Pacientes5243064
Técnica UtilizadaManobras, movimentos e posturas da técnica WatsuHidrocinesioterapia (G1) e cinesioterapia (G2)HidrocinesioterapiaHidrocinesioterapia (n = 33) e grupo controle (n = 3)
Duração da técnica5 sessões23 sessões15 sessões30 sessões
Efetividade da técnicaA técnica de Watsu mostrou-se eficaz na redução da sintomatologia e na melhora de atividades de vida diária, melhorando assim a qualidade de vida destes pacientes com Fibromialgia.Conclui-se que um programa de tratamento realizado uma vez por semana, contendo exercícios aeróbicos de baixa intensidade e exercícios de alongamento muscular, sendo ou não realizados no ambiente aquático, é um recurso indispensável para tratamento de pacientes acometidas por Fibromialgia, uma vez que praticamente todos os aspectos referentes à qualidade de vida.A técnica está bem indicada para pacientes com Fibromialgia, sendo importante para a melhoria de qualidade do sono, capacidade funcional, situação profissional, distúrbios psicológicos e sintomas físicos da síndrome.Mostrou-se eficaz como terapia alternativa da Fibromialgia.

Tabela 2 – Resultados dos protocolos utilizados em pacientes com Fibromialgia.

Estudos Experimentais/ DadosSILVA et.al. 2012WILHELM et.al 2014
Nº de Pacientes1010 pacientes (sexo feminino)
Técnica UtilizadaTENS X HIDROTERAPIATécnica de Watsu
Duração da Técnica10 sessões (duração de 40 minutos, cada sessão) 3X na semana4 meses
Efetividade da TécnicaForam divididos em 2 grupos (5 pacientes fizeram o tratamento com o TENS) X (5 pacientes fizeram o tratamento com a Hidroterapia). O resultado deu que o grupo que foi tratado com a Hidroterapia, teve um resultado significante para a melhora da dor.Foram avaliadas e tratadas 10 pacientes, do sexo feminino, utilizando a técnica de Watsu. Após o tratamento com o método Watsu, houve uma significativa redução na intensidade da dor nas pacientes com Fibromialgia.

Os resultados apresentados na Tabela 1 e 2, mostrou-se eficaz no tratamento em pacientes com Fibromialgia, reduzindo assim as dores musculares, aliviando as tensões, melhorando a qualidade do sono, aliviando a ansiedade e os sintomas da depressão, demonstrando assim efeitos positivos em todas as dimensões avaliadas, melhorando assim a qualidade de vida desses pacientes.

DISCUSSÃO

No estudo de Pinkalsly et al. (2011), em seu tratamento para a Fibromialgia foi utilizado a técnica de reabilitação Watsu, onde foi realizado cinco sessões em cada paciente, sendo uma por semana, em um período de tempo de sessenta minutos cada. Essa técnica foi distribuída em seis movimentos, manobras e posturas no ambiente aquático, sendo os seguintes: a) na primeira posição (dança da respiração, sanfona, movimentos livres etc); b) em flutuação livre (oito, quieto, ouvir o coração, etc); c) na posição embaixo da cabeça (massageando a coluna, deslizando a cabeça, abraçando o joelho etc); d) na posição embaixo do ombro (balanço externo – sacro e puxando pelo o pé); e) na posição embaixo do quadril (alongando a coluna, abraçando a coxa) e f) na posição na parede (quatro, abraço duplo, mãos no coração e polaridade nas “orelhas” e “olhos”).

Portando, os resultados desse estudo foram semelhantes aos encontrados na literatura, pois todos os pacientes tiveram uma redução significativa no quadro álgico. Em relação à qualidade de vida que foi avaliado antes e pós tratamento no aspecto físico, psicológico, relações pessoais e meio ambiente do WHOQOL-bref, houve uma melhora significativa nesses quatro domínios.

A Fibromialgia caracteriza-se por dores crônicas e difusas que afetam diretamente a qualidade de vida das pessoas que a possui, limitando-as nas atividades de vida diária. Hecker et al. (2011) realizou um estudo comparativo afim de verificar os efeitos de um protocolo de tratamento utilizando a hidrocinesioterapia ou a cinesioterapia como recursos terapêuticos sobre a qualidade de vida, aplicando o questionário SF-36 pré e pós a aplicação do protocolo de atendimento. Contudo não foram verificadas diferenças significativas entre os grupos para os oito aspectos analisados no questionário, no entanto a hidrocinesioterapia se mostrou mais eficaz na melhora dos sintomas emocionais, pelo relaxamento muscular e facilitação na execução dos movimentos promovidos pela água.

Em relação ao mesmo estudo de Hecker et al. (2011), ambos os grupos obtiveram melhora significativa na capacidade funcional, na saúde mental e no aspecto da dor, pois durante a imersão ocorre vasodilatação e redução dos espasmos e os estímulos sensoriais competem com os dolorosos, interrompendo o ciclo da dor. Já por meio da cinesioterapia, o alongamento interfere na flexibilidade, relaxando os músculos que estão contraídos e rígidos, reduzindo a dor. O estudo demonstra, portanto que ambas as técnicas são eficazes na melhora da qualidade de vida segundo os aspectos analisados.

Um estudo similar realizado por Silva et al. (2012) teve por objetivo verificar a melhora de dor, irregularidades do sono, fadiga muscular, depressão, ansiedade e redução das atividades da vida diária em pacientes com Fibromialgia submetidos à Hidrocinesioterapia, sendo aplicado como método de avaliação da qualidade de vida e do sono, o questionário sobre o Impacto da Fibromialgia(QIF) e o Índice da Qualidade do Sono de Pittsburgh (IQSP). Após a intervenção observou-se melhora significativa da capacidade funcional, redução da dor, fadiga, rigidez e cansaço matinal e depressão. Houve também melhora com relação a ansiedade e o sono. No entanto, as pacientes mais acometidas pela patologia, relataram piora na qualidade do sono e grau de sonolência.

Em relação ao mesmo estudo de Silva et al.(2012), o protocolo de tratamento aplicado realizado duas vezes na semana por 60 minutos, consistiu em aquecimento global com caminhada por toda a extensão da piscina em linha reta para frente, para trás e com passada lateral; alongamento muscular de membros superiores e inferiores e musculatura dorsal; exercícios ativos para membros superiores e inferiores, inicialmente sem carga, evoluindo para exercícios com utilização de espaguetes e pesos aquáticos; relaxamento, com alongamentos ativos de membros superiores e inferiores e cadeia posterior e anterior de tronco, associados a exercícios respiratórios, promovendo relaxamento progressivo.

Assim como Hecker et al. (2011); Letieri et al. (2013) também realizou um estudo comparativo dividindo a amostra em dois grupos (Hidrocinesioterapia e Controle), no qual o primeiro grupo realizou intervenção sem uso de medicação, e o segundo não recebeu intervenção e fizeram uso de relaxantes musculares e analgésicos prescritos e controlados por seus médicos. O objetivo do estudo consistiu em verificar os efeitos da Hidrocinesioterapia na percepção da dor, na qualidade de vida e nos sintomas depressivos, demonstrando efeitos positivos em todas as dimensões avaliadas, redução na intensidade dos sintomas dolorosos, sendo também eficaz na diminuição dos sintomas depressivos, interferindo diretamente na melhora da qualidade de vida.

Referente ao mesmo estudo de Letieri et al. (2013), as condutas utilizadas consistiram em exercícios de aquecimento e movimentos preparatórios para os exercícios; exercícios para o desenvolvimento de força, mobilidade, equilíbrio, coordenação e agilidade, com a utilização de pequenos materiais aquáticos (halteres, mini arcos, bolas de exercício, espaguetes); alongamento e relaxamento. Tendo duração de 45 minutos, sendo realizadas duas vezes na semana.

SILVA, et al (2012), realizou um estudo com dez pacientes diagnosticadas com Fibromialgia, onde todas relataram pontos dolorosos, sendo avaliados a flexibilidade, o nível da dor e a qualidade de vida. As pacientes foram divididas em dois grupos de tratamento, um com o uso do Tens e o outro com a de Hidroterapia. Com o TENS foram realizados em dez sessões com duração de 40 minutos, com frequência de três vezes por semana. A Hidroterapia foi dividida em quatro fases, onde foi feito alongamentos, caminhada, após o tratamento os pacientes foram reavaliados. O grupo tratado com Hidroterapia apresentou melhora significante nos resultados do questionário SF-36 em reações emocionais e melhora na dor. O grupo tratado com TENS apresentou melhora estatisticamente significante em boa parte das variáveis analisadas, não havendo melhora significativa na flexibilidade, nos domínios, capacidade funcional, estado geral de saúde, vitalidade e saúde mental do questionário SF-36.

Segundo Wilhelm; Biazi; Santos (2014) o tratamento realizado com Watsu, observa-se uma grande melhora no quadro álgico do indivíduo proporcionado pela água aquecida, somado ao benefício à técnica promove também melhora nos aspectos físicos e emocionais com isso diminuindo a dor. Foram avaliadas e tratadas dez pacientes do sexo feminino com Fibromialgia, durante quatro meses utilizando a técnica do Watsu. Observou-se que das pacientes analisadas, 98,75% queixavam-se de dor com intensidade variando do nível 2,5 ao 10, segundo a escala visual analógica, no período pré-tratamento. Após a intervenção com Watsu, foi evidenciada uma significativa redução da intensidade da dor, que foi referida entre o nível 0 e 5 após o tratamento. Qualquer tratamento relativo a Fibromialgia deve ser focado na melhora da qualidade de vida do paciente.

A dor é um dos principais desfechos encontrados em indivíduos com Fibromialgia, podendo ser apontada como principal fonte de interferência em aspectos funcionais como força muscular, equilíbrio postural e impactos na qualidade de vida, nestes pacientes, a Hidrocinesioterapia apresenta desfechos positivos semelhantes aos encontrados nesta revisão, que permeiam a redução do quadro álgico, aumento de pontuação de equilíbrio, resultando em melhora da incapacidade e melhora ou manutenção da qualidade de vida.

CONCLUSÃO

De acordo com os resultados obtidos, o tratamento com Hidrocinesioterapia no método Watsu em pacientes com Fibromialgia, mostrou-se eficaz na atenuação dos sintomas e acometimentos da patologia, reduzindo assim, as dores musculares, o alivio das tensões, o aumento da circulação sanguínea, a melhora do sono, promovendo um relaxamento muscular, aliviando a ansiedade e os sintomas depressivos, dentre diversos outros benefícios, proporcionando assim, uma melhor qualidade de vida e melhora da capacidade funcional em pacientes com Fibromialgia.

A fisioterapia é de suma importância na recuperação desses tipos de pacientes, não deve ser somente um meio de alívio da dor, mas também de restauração da função e de estilos de vida funcionais, promovendo assim o bem-estar e a qualidade de vida desses pacientes.

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